O HOMEM COMO SER DE NATUREZAE DE LINGUAGEM FILOSOFIA 3 ANO A PROF WILSON
3ª
atividade filosofia 3 ano A
Texto
1 –
Todos os homens são “filósofos”
Antonio Gramsci, um filósofo italiano do século passado, já alertava para a
necessidade de se combater o preconceito muito difundido de que a Filosofia é
uma atividade intelectual muito difícil e, por isso, restrita a uma minoria de
inteligência supostamente privilegiada. Isso porque, para ele, num certo
sentido, “todos os homens são ‘filósofos’”, pois, de algum modo, todas as
pessoas, sem distinção, independentemente de seu grau de escolaridade, lidam,
convivem, trabalham com a Filosofia e a utilizam no seu dia a dia, mesmo que
não se apercebam disso. Afinal, a Filosofia está presente “na linguagem, no
senso comum, no bom senso, na religião”, enfim, “em todo sistema de crenças,
superstições, opiniões, modos de ser e agir” que caracteriza o que
convencionalmente se denomina de “folclore”1 e do qual todos participam2 .
A Filosofia está presente
na linguagem porque esta não é pura e simplesmente um amontoado de “palavras
gramaticalmente vazias de conteúdo”. Ao contrário, ela é um “conjunto de noções
e conceitos determinados”3 , muitos dos quais derivados da Filosofia, como
vimos nas frases apresentadas. Portanto, a Filosofia está presente na linguagem
que utilizamos, mesmo que não tenhamos consciência disso. Daí por que, para
Gramsci: “Linguagem significa também cultura e filosofia (ainda que no nível do
senso comum)”.4
O senso comum é o conjunto de
valores, crenças, opiniões, preferências, que constitui a nossa visão de mundo
e que orienta nossas ações e escolhas cotidianas. Em geral é assimilado
acriticamente, sem qualquer questionamento. A exemplo do que acontece com a
linguagem, muitos desses valores e crenças têm origem na Filosofia, mas nós os
assimilamos espontaneamente, sem nos darmos conta de sua origem. Simplesmente
pensamos e vivemos de uma determinada maneira, acreditamos em certo grupo de
valores, defendemos alguma posição política, ideológica ou religiosa, e assim
por diante, sem, no entanto, nos preocuparmos em fundamentar nossas opiniões.
Ao contrário, contentamo-nos com argumentos superficiais, muitas vezes até
inconsistentes ou contraditórios.
O “bom senso”, por sua vez, “é
algo que se contrapõe ao senso comum” e, nesse sentido, “coincide com a
filosofia”5 . Enquanto o senso comum é acrítico, espontâneo, irrefletido, o bom
senso implica refletir, tomar consciência de que os acontecimentos possuem uma
dimensão racional e que, portanto, devem ser compreendidos e enfrentados também
de forma racional, a fim de se obter uma orientação consciente para a ação,
evitando se deixar levar por “impulsos instintivos e violentos”.6
Esse “bom senso” é o que Gramsci
chamou de “núcleo sadio do senso comum”.7 Ou seja, mesmo no nível do senso
comum é possível refletir, pensar de maneira crítica sobre a realidade, tomar
consciência dela e agir de modo coerente com essa consciência. E isso, de certo
modo, já é “filosofar”, pelo menos um filosofar ao nível do senso comum. De L
fato,
não é raro vermos pessoas simples, às vezes com pouca ou nenhuma escolaridade,
que revelam um entendimento aguçado e bem elaborado da realidade em que vivem.
Finalmente a Filosofia está
presente na religião porque também na experiência religiosa nos deparamos com
questões e conceitos (Deus, alma, morte etc.) que foram e continuam sendo
objeto da reflexão e da elaboração dos filósofos.
Portanto, se a Filosofia está
contida na linguagem, no senso comum, no bom senso e na religião, podemos dizer
então que ela está presente em todas as dimensões da vida humana, sendo,
portanto, familiar a todas as pessoas. Afinal, toda atividade humana, mesmo
aquelas que são predominantemente práticas (as diversas formas de trabalho
manual, por exemplo), é sempre acompanhada de um pensar, de um saber, em suma,
de um trabalho intelectual, racional, reflexivo. É nesse sentido que podemos
afirmar que “todos os homens são ‘filósofos’”.
Folclore: do Inglês, folk = povo, nação + lore
= conhecimento tradicional, instrução, educação. Portanto, o termo “folclore”
pod
Texto
2 – Bom conselho
Chico
Buarque
Ouça
um bom conselho
Que eu
lhe dou de graça
Inútil
dormir que a dor não passa
Espere
sentado
Ou
você se cansa
Está
provado
Quem
espera nunca alcança
Venha
meu amigo
Deixe
esse regaço
Brinque
com meu fogo
Venha
se queimar
Faça
como eu digo
Se
conselho fosse bom não se dava de graça. É só dormir que a dor passa.
Quem
brinca com fogo acaba se queimando. Quem espera sempre alcança.
Faça o
que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Pense
duas vezes antes de agir. Devagar se vai ao longe.
Quem
semeia vento colhe tempestade.
Faça
como eu faço
Aja
duas vezes
Antes
de pensar
Corro
atrás do tempo
Vim de
não sei onde
Devagar
é que não se vai longe
Eu
semeio vento
Na
minha cidade
Vou
pra rua e bebo a tempestade
1. À
luz dos conceitos de senso comum e bom senso extraídos do texto apresentado,
comente o
significado
que têm para você os seguintes ditados:
Se
conselho fosse bom não se dava de graça.
É só
dormir que a dor passa.
Quem
brinca com fogo acaba se queimando.
Quem
espera sempre alcança.
Faça o
que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Pense
duas vezes antes de agir. Devagar se vai ao longe.
Quem
semeia vento colhe tempestade.
2. Em
seguida, compare-os à versão em que aparecem na canção Bom conselho, de Chico Buarque,
e responda:
a) O
que a inversão, efetuada por Chico Buarque, provoca nos ditados?
b) O
que foi preciso ao compositor para chegar ao resultado por ele obtido?
c) Como os conceitos de senso
comum e bom senso podem ser associados a essas duas versões dos ditados?
Entregar até 22/04
wildamblei2@yahoo.com.br
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